Exame de consciência...

O facto de os chineses não serem um povo particularmente simpático é um dado quase adquirido. Felizmente há muitas excepções, mas é a ideia generalizada entre os expatriados. Tenho que admitir que ao princípio conviver com os chineses fazia-me alguma confusão, muito por causa da dureza e da rudeza com que falam entre si, das faltas de educação e pelo ar triste com que pareciam viver o seu dia-a-dia. As pessoas cospem, arrotam e empurram-se e as demonstrações de falta de respeito são constantes.
Infelizmente, não sou capaz de ser indiferente a estas “agressões”. De certa forma, torno-me também mais agressivo e menos compreensivo. Qualquer incompetência e falta de respeito merecem da minha parte um pensamento negativo. Para piorar a situação, os próprios chineses são muito subservientes e prestam demasiada vassalagem aos estrangeiros, colocando-nos numa posição de aparente ‘superioridade’. Inconscientemente torno-me arrogante e considero-me “senhor do mundo”.
Faço o esforço para não cair neste erro outra vez, mas parece que por vezes é demasiado forte. Fico triste e envergonhado. Fico a pensar no porquê de ter cometido novamente o mesmo erro. Sinto-me incomodado quando não consigo compreender a ‘outra’ parte e reajo de forma errada…

Para não tornar este post demasiado negativo e demasiado pesado, falo-vos também das coisas boas que me tenho apercebido nesta sociedade.
Hoje, e acredito que não seja só por estarmos no verão, já consigo identificar muito mais os seus momentos de alegria e de amizade. Uma das coisas que agora me apercebo é que o povo chinês é muito mais carinhoso e atencioso do que eu pensava, especialmente com as crianças. O facto de serem, a sua grande maioria, filhos únicos torna-os 100% dedicados e disponíveis para os seus filhos.
As caras que antes me pareciam paralisadas e sem confiança, hoje têm mais alegria e esperança.