quarta-feira, outubro 18, 2006

Cultura de morte...

Este post 'foge' um pouco à temática natural do "Expresso de Xangai", mas parece-me importante partilhar convosco este texto que o Senhor Meu Pai me enviou...

"Uma cultura da morte

A atracção pela morte é um dos sinais da decadência.
Portugal deveria estar, neste momento, a discutir o quê?
Seguramente, o modo de combater o envelhecimento da população.
Um país velho é um país mais doente.
Um país mais pessimista.
Um país menos alegre.
Um país menos produtivo.
Um país menos viável – porque aquilo que paga as pensões dos idosos são os impostos dos que trabalham.
Era esta, portanto, uma das questões que Portugal deveria estar a debater.

E a tentar resolver. Como?
Obviamente, promovendo os nascimentos.
Facilitando a vida às mães solteiras e às mães separadas.
Incentivando as empresas a apoiar as empregadas com filhos, concedendo facilidades e criando infantários.
Estabelecendo condições especiais para as famílias numerosas.
Difundindo a ideia de que o país precisa de crianças – e que as crianças são uma fonte de alegria, energia e optimismo.
Um sinal de saúde.
Em lugar disto, porém, discute-se o aborto.
Discutem-se os casamentos de homossexuais (por natureza estéreis).
Debate-se a eutanásia.
Promove-se uma cultura da morte.

Dir-se-á, no caso do aborto, que está apenas em causa a rejeição dos julgamentos e das condenações de mulheres pela prática do aborto – e a possibilidade de as que querem abortar o poderem fazer em boas condições, em clínicas do Estado.
Só por hipocrisia se pode colocar a questão assim.
Todos já perceberam que o que está em causa é uma campanha.
O que está em curso é uma desculpabilização do aborto, para não dizer uma promoção do aborto.
Tal como há uma parada do ‘orgulho gay’, os militantes pró-aborto defendem o orgulho em abortar.
Quem já não viu mulheres exibindo triunfalmente t-shirts com a frase «Eu abortei»?

Ora, dêem-se as voltas que se derem, toda a gente concorda numa coisa: o aborto, mesmo praticado em clínicas de luxo, é uma coisa má.
Que deixa traumas para toda a vida.
E que, sendo assim, deve ser evitada a todo o custo.
A posição do Estado não pode ser, pois, a de desculpabilizar e facilitar o aborto – tem de ser a oposta.
Não pode ser a de transmitir a ideia de que um aborto é uma coisa sem importância, que se pode fazer quase sem pensar – tem de ser a oposta.
O Estado não deve passar à sociedade a ideia de que se pode abortar à vontade, porque é mais fácil, mais cómodo e deixou de ser crime.

Levada pela ilusão de que a vulgarização do aborto é o futuro, e que a sua defesa corresponde a uma posição de esquerda, muita gente encara o tema com ligeireza e deixa-se ir na corrente.
Mas eu pergunto: será que a esquerda quer ficar associada a uma cultura da morte?
Será que a esquerda, ao defender o aborto, a adopção por homossexuais, a liberalização das drogas, a eutanásia, quer ficar ligada ao lado mais obscuro da vida?
No ponto em que o mundo ocidental e o país se encontram, com a população a envelhecer de ano para ano e o pessimismo a ganhar terreno, não seria mais normal que a esquerda se batesse pela vida, pelo apoio aos nascimentos e às mulheres sozinhas com filhos, pelo rejuvenescimento da sociedade, pelo optimismo, pela crença no futuro?
Não seria mais normal que a esquerda, em lugar de ajudar as mulheres e os casais que querem abortar, incentivasse aqueles que têm a coragem de decidir ter filhos?"

José António Saraiva, 14/10/2006

35 Comments:

At 9:14 da manhã, Anonymous Anónimo said...

...e quem fala assim não é gago!!! era tão bom que a esquerda pensasse assim :)
beijinho

Mariana MD

 
At 10:26 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não me parece que haja uma única mulher contente por ter de fazer um aborto.
Cada um(a) sabe da sua vida e as razões que levam uma mulher a praticar um aborto são variadas e quem sou eu para julgar, não?
Mas quem disse que "defender o aborto, a adopção por homossexuais, a liberalização das drogas, a eutanásia" corresponde ao lado mais obscuro da vida? O que a esquerda defende não é um movimento 'pró-aborto' nem 'pró-morte' mas sim um movimento 'pró-vida digna', é evidente que SÓ a não criminalização do aborto não chega, como SÓ aulas de educação sexual nas escolas não chegam, como SÓ o Vaticano perceber que o preservativo é mais que um contraceptivo mas uma necessidade para a saúde pública não chega.
Tudo isto são ferramentas para a evolução, mas claro para haver evolução é preciso haver educação e formação.
É que o problema nem sequer está em Portugal ser o único país da Europa em que ainda se luta pela liberalização da interrupção voluntária da gravidez, é a hipocrísia normal dos resticios salazarentos em que uma mulher que tenha dinheiro vai a Espanha ou a outro país qualquer e faz o aborto sem qualquer problema, quem não tem dinheiro faz o aborto na esquina ao lado em situações desumanas sem o mínimo de dignidade e higiene.

 
At 10:39 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ah esqueci-me de referir, mas concordo com a parte inicial da carta.

Abraços!

 
At 2:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

tb te esqueceste de informar um bocadinho melhor em relação ao que o Vaticano diz do preservativo...! é mto mais fácil ficar pelo diz que disse do que e ver à fonte não é?
Mariana

 
At 4:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Só não percebi uma coisa,ruinix explica-me por favor.
Mas essa questão não foi votada à pouco tempo? E os portugueses não se decidiram por não legalizar a interrupção voluntária da gravidez?
Ou será que para a esquerda as votações livres só tem valor quando as suas ideias ganham?!??!

 
At 4:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mariana, http://www.ateismo.net/diario/2005/01/icar-e-o-preservativo.php

 
At 4:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Anónimo(a) corajoso(a), a votação do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez em Portugal foi em 28 de Junho de 1998.
O que mudou desde então? O que resolveu esse referendo?
As meninas ricas continuam a ir abortar ao estrangeiro, não por dificuldades financeiras para criar a criança, mas porque era uma vergonha para a família que a menina não conseguiu manter as perninhas fechadinhas e a menina pobre continua a fazer abortos no fundo do quintal nas piores condições e se por acaso sobreviver tem fortes probabilidades de ter sequelas físicas para a vida toda.
Justiça social. Já ouviste falar?

 
At 5:36 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Costumo passar de quando em vez por este blog (muito à conta de do link que existe no blogadissimo).
Nunca escrevi até porque não conheço o João, e parece-me que este blog ainda que publico tem o objectivo de mandar noticias e matar saudades. De qualquer maneira neste momento o caso mudou!!! A gravidez é um assunto muito sério e quando leio certos comentários fico completamente atónita.
Como é possível subjugar a questão do referendo à condição de vamos fazer justiça social?!?! Mas só porque uns vão a Londres ou Espanha, ou até mesmo Suiça e outros o fazem no fundo do quintal?
Pareceu-me que acima o ruinix tinha dito: "quem sou eu para julgar" mas neste momento com essa posição (que ao fim do quarto comentário já começa a ser um bocadinho irascível e irracional) não têm feito outra coisa senão julgar. Julgar quem pode ou não nascer uma vez que cada mãe tem as suas razões.
Não deveríamos falar de sentimentos em vez de saúde pública. Caramba estamos a falar de gente!!!
Pense só que neste momento poderia não estar aqui para responder a este comentário se a sua Mãe, tivesse tido uma qualquer razão e o tivesse deitado ao lixo.
Ah, só mais uma nota, essa coisa de manter as perninhas bem fechadas serve tanto para ricos como para pobres, e sem falsos moralismos: "quem anda à chuva molha-se" (como diria uma querida amiga minha) e como digo eu “o melhor método é a abstinência.” Não vamos tapar nódoas com buracos.

Filipa Oliveira

 
At 8:51 da tarde, Anonymous Anónimo said...

acho muito engraçado a maneira como num site (publicamente portanto) se fala de pessoas com diferentes ideologias, nomeadamente católicas, sendo leigas ou consagradas...! essa justiça social de que falas só se aplica às vossas ideias e aos vossos valores... enquanto assim for não é possível conversar-se normalmente, parece-me a mim!
Por outro lado, não sei se sabes a Igreja a nível mundial "é regida" pelo Vaticano, pelo Papa; não te podes também esquecer de pôr as palavras na circunstância em que foram ditas: é óbio que a abstinência é o melhor modo de evitar a transmissão da SIDA... não diz que é a solução. Mas caso não saibas do Vaticano foi dito, ainda este ano, que o preservativo deveria ser usado como um meio de prevenir contágios e não como um meio anticontraceptivo... sabias?
Ah! Mas já agora! Também há estudos científicos que dizem que tanto a SIDA como a Hepatite podem ser transmitidas mesmo com o uso do preservativo, sabias?
E a liberalização do aborto o que vai fazer? Vai legalizar as casas que há, neste momento clandestinas, e as pessoas vão continuar a recorrer a elas...!
Se calhar o respeito da pessoa por si mesma em primeiro lugar, e do outro, seria uma solução menos traumática do que o aborto...não? O que falta neste país é uma educação para a responsabilidade...! Toda a gente tem direito a fazer o que lhe dá na gana, e até tem o direito a não asusmir as consequências...! QUE VERGONHA!

Marinaa

 
At 3:38 da manhã, Blogger João Ascensão said...

Já muito foi escrito... Para reforçar a ideia, limito-me apenas a dizer o seguinte:
De uma forma um pouco extremista, parece-me que, da mesma maneira que não se criam condições dignas para a realização de homicídios, a existência de clínicas preparadas para a realização de abortos não é argumento para justificar tal prática! O que está em causa é muito simples... é a opção pela vida ou pela morte! Um aborto corresponde à morte de uma vida humana e não há um único argumento que seja capaz de contrapôr este facto...

 
At 7:34 da manhã, Anonymous Anónimo said...

De facto se lermos até ao fim o texto com olhos de ver, o autor não compromete no mesmo uma opinião pessoal sua sobre se é contra ou a favor do aborto. A questão apresentada é mais complexa do que isto tudo e ultrapassa em larga escala a questão do aborto...neste texto esta questão é mais uma parábola para a mensagem...portanto que não se critique o autor neste campo.
Falando numa questão aparte, que é a questão do aborto...meus amigos, não menosprezem nem tornem a questão tão diminuta como a fazem parecer ser...neste campo cada caso é um caso, e a complexidade social é apenas o inicio da caminhada...estamos realmente a falar de um assunto que engloba todos os campos académicos que se possam lembrar...não se resolve nem se discute com um par de sardinhas em cada mão. Todos nós temos a nossa opinião, e deixem-me dizer uma coisa:"-Todos vocês só teriam razão num mundo utópico...até lá podeis estar um "pouquinho" correctos. Mas acreditem."

Na minha experiência pessoal já ouvi relatos na primeira pessoa de muita coisa...e mesmo sendo católico não pude não ficar indiferente...cada caso é um caso e quem somos nós para julgarmos sem termos todo o conhecimento. Até esse dia, vamos pelo menos tentar salvar uma das duas vidas em causa, porque quem realmente quer...fa-lo-à... e ninguém terá de saber...

...é complicado não é? Eu tb axo que sim!

 
At 11:14 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Filipa Oliveira,

Só para sugerir um terceira opção, entre vida sexual e abstinência: a masturbação, masculina e feminina, não poderá também, talvez, ser um método contraceptivo?

 
At 2:49 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Há alguns anos, Tony Blair, primeiro ministro britânico, para reduzir o número de grávidas adolescentes no seu país (o Reino Unido é o país europeu com maior número de grávidas adolescentes)apelou, num discurso público, aos jovens que optassem por formas de prazer alternativas, nomeadamente o sexo oral.

 
At 5:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Também eu não conheço o João por isso nunca fiz comentários a este blog q tenho acompanhado como uma longa viagem à China.
Perante tamanha barbaridade do último comentário não resisto.
Cada vez mais considero que o grande mal do povo Português é a IRRESPONSABILIDADE!
Cada vez mais vejo as pessoas a fazerem tudo sem pensarem nas consequencias, sem assumirem os riscos. É fácil encontrar quem nos ame e por isso nos ajude a solucionar os problemas, o Pai o avô o amigo alguém resolverá o caso de correr mal!
O caso não se põe de abestinência ou sexo oral, o caso põe-se em não banalizar as relações sexuais, em pensar nas suas consequencias antes de as fazer só porque dão prazer. Em assumir a responsabilidade do acto ao qual está associada a criação do maior direito que temos, o Direito à vida!
Mas a responsabilidade não é só na consequencia é no próprio acto. A responsabilidade passa por se não queremos as consequencias então é fácil tomar as providências!
Ah e tal não é 100% seguro... deixa-m pensar s uso um método 90% e outro 90% seguro acho q a probabilidade de uma consequência não desejada é reduzida. Pq s temos a certeza do que queremos e somos responsáveis pelo que fazemos, então os dois assumem a responsabilidade dos métodos que utilizam!
As pessoas com dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos... não são essas pessoas as q querem fazer abortos! Essas nem devem saber o q é o aborto!
Por isso neste referendo apenas digo, promovam um Portugal melhor, promovam um Portugal que responsabiliza cada um pelos seus actos!
MA

 
At 6:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O verdadeiro problema do Vaticano e da ICAR não é com o preservativo nem com o aborto mas sim, se aceita-se ambos, estariam implicitamente a "aceitar" a prática de sexo sem intuito reprodutivo.
Mas sim, não sou católico. Sou ateu.
E talvez por isso só consiga classificar de hipócritas e criminosos aqueles que dizem que quem aborta ou quem faz abortos, em quaisquer circunstâncias e seja qual for o motivo, mesmo salvar a vida da mulher merece a excomunhão católica automática enquanto assassinos e violadores de crianças podem sempre ser perdoados.
Para a Igreja Católica, o aborto constitui sempre «um ataque à vida humana» - subentendendo-se que para a ICAR a mulher é um sub-humano sem quaisquer direitos, sequer o direito a legítima defesa. Como confirmado, por exemplo, pelas declarações do responsável do Conselho Pontifical da Família em relação à recente alteração na legislação da Colômbia, que permite o aborto em caso de violação, malformações fatais do embrião/feto e quando a vida da gestante está em perigo.
Esta é a análise real da (triste) situação real.

 
At 6:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

vai ver a legislação portuguesa e vê quais são os casos em que é permitida, actualmente, o aborto / interrupção voluntária da gravidez e não digas as coisas da boca para fora!
MMD

 
At 2:40 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Alexandre


Como sabes caminhamos a passos largos para vivermos períodos (certamente irreversíveis) de maior liberdade individual. Não vale a pena ficarmos tristes ou contentes por isto acontecer. O aborto será permitido em países mais evoluidos que Portugal e também em outros mais desenvolvidos, e realmente parece-me que é desta que a lei irá passar no nosso país.

Se calhar até era bom que fosse uma prática corrente e apoiada financeiramente no continente africano, onde realmente se vivem dramas a sério devido à explosão da natalidade e às péssimas condições de vida dos africanos. Há uns tempos estive a consultar o site da unicef e dei-me ao trabalho de fazer as contas para perceber quantas crianças morrem por ano em África antes de chegarem aos 5 anos...Eram vários 11 de Setembros por dia, muitos mesmo... É aqui que este drama assume proporções realmente significativas mas o mundo inteiro assobia para o lado...Adiante

A razão pela qual te escrevo esta missiva é a partilha de uma ideia que li recentemente no best-seller Freakanomics. O autor, considerado um dos mais brilhantes jovens economistas dos EUA, aborda uma série de temas. No entanto, destaca-se a análise que ele faz sobre a problemática do aborto.

O sujeito relaciona a diminuição do crime nos EUA com a liberalização do aborto. Passo a explicar em breves palavras.

Até cerca de 1970 apenas em dois estados era permitido o aborto. A partir desta data a permissão foi estendida a todo o território dos EUA. Como é sabido há muitos anos (quando nós eramos realmente pequenos) os EUA debatiam-se com uma onda crescente de crime em todo o país. (Quem não se lembra do que se passava por exemplo em NY?). Acontece que, segundo o autor, o crime começou a descer de forma abrupta no final da década de 80 e começo da década de 90, sendo que hoje em dia deixou de ser um dos problemas principais do país. Este economista elimina sucessivamente (apresentando uma série de razões factuais) as razões habituais para que este decréscimo pudesse ter acontecido (melhoria da economia, polícias mais eficazes, campanhas, etc...) e afirma-se convicto que ele apenas se deve à liberalização do aborto.

Antes da lei ter sido aprovada, havia um rácio de 1 aborto para 8 gravidezes, sendo que posteriormente passou para 1 aborto para 3 gravidezes. Trocando por miudos, isto significa que de 12% de abortos por gravidez passou-se para 33%, ou seja, o numero de mulheres que aborta depois da liberaização quase triplicou.

Ele explica que a descida do crime justifica-se pelos milhares de bebés que deixaram de nascer em lares sem condições para os criar (sendo esta descida começou a sentir-se no final da década de 80, altura em que passavam 17/18/19 anos da liberalização, ou seja, muitos dos potencias criminosos que não nasceram iniciariam as suas actividades criminosas na idade adolescente e nao o fizeram).

A "base de criação" dos criminosos habituais (camadas mais baixas socialmente) diminuiu radicalmente devido ao facto de o aborto ser livre, pois a partir de 1970 todas as muheres tinham a possibilidade de abortar. Dá que pensar não é?

A explicação do autor é tão linear e bem sustentada que ficas parvo a ler aquilo!...

Aqui fica a nota de que eu nao sou a favor da lei do aborto!

Abraço

P.S.1: Quem diz isto não é o José António Saraiva, mas um economista muito prestigiado nos Estados Unidos... ;)

P.S.2: O crime não desceu 2 nem 4 por cento , mas sim várias dezenas no prazo de poucos anos.

 
At 4:42 da manhã, Blogger João Ascensão said...

A diminuição da criminalidade é razão para que se retire o direito à vida de milhares de vidas humanas? Não me parece...

 
At 10:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Aí está uma nova teoria...!
Também há economistas que defendem a tese de que, havendo uma política natalista por parte do Estado o crime diminui... afinal, muitas das necessidades das crianças passam a ser da responsabilidade do Estado e a "coisa" torna-se mais pacífica...!
Acho que a defesa de cada teoria depende daquilo em que acreditamos!
Beijinho

Mariana

 
At 10:06 da manhã, Anonymous Anónimo said...

No meio desta discussão absurda, apenas um tal de 'Anonymous', 6 ou 7 posts acima do meu, às 7:34 AM, introduziu algum bom senso nesta discussão...

Concordo: a questão do aborto não é linear e, como tal, tanto aqueles que esgrimem argumentos a favor da despenalização, como os que o fazem pela manutenção do actual quadro legal, deveriam perceber que entre o preto e o branco há várias tonalidades de cinzento... Ou seja, isto não passa nem pela afirmação de um pretenso direito absoluto de cada mulher sobre o embrião que transporta (o já clássico "na minha barriga mando eu!"), nem por uma tutela exacerbada e cega da vida intra-uterina - como se esta devesse prevalecer sobre qualquer outra forma de vida! - que tanto apregoam os defensores do "não"...

"Cada caso é um caso". Por isso, acho que deveríamos ter a humildade de não aceitar uma discussão fácil e leviana deste tema - que, estranhamente, tanto mobiliza a opinião pública! - e, principalmente, seria bom que não tivéssemos tanta pressa em "atirar pedras", num sentido ou noutro.

E também seria bom que se encerrasse esta discussão estéril e, como alguém disse, continuássemos a desfrutar deste blog como o relato de uma longa viagem à China.

 
At 10:09 da manhã, Blogger DM em Caracas said...

Caro Ruinix,
Dizes que não podes julgar se uma mulher faz um aborto ou não. Então e se essa mulher matar um adulto? E se essa mulher abusar sexualmente de um menor? Podes julgar nesses casos?
E o médico que faz o aborto? O homem que, absolutamente contra o julgamente Hipocrático ganha dinheiro com essa situação não deverá ser julgado?
O que está aqui em causa não é a liberdade da mulher sobre o seu corpo mas o direito à vida humana autónoma mas ainda 100% dependente doutra, que é a vida do feto.

 
At 11:43 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Perdoai-os senhor, eles não sabem o que dizem...
Mas continuem na vossa. Fiem-se na virgem. É triste saber que daqui a alguns anos (poucos) um papa vai estar a pedir desculpa à humanidade pelos crimes deste, tal como este faz com os anteriores.
Mas de qualquer das maneiras eu é que vou arder no inferno...

Tenho pena, mas não vou poder continuar a seguir esta discussão.
Beijos e Abraços!

 
At 12:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caro autor das 10.06 AM...
Obrigado na parte que me toca (eu sou o das 7.34 AM - engraçadissimo, parece nome de codigo tipo 007)...
Em relação ao resto...temo em ser demasiado efusivo ou até demasiado arrogante... mas ao que me pareçe estamos perante um anti-flexismo tal que me parece despropositado.
Na maior parte dos posts visualizo ignorância, extremismo... consigo identificar panoplias de opiniões dignas de nem serem sequer repetidas num programa da TVI.
Consigo achar engraçadissima a forma como se olha para o conceito geral do acto...esquecem-se de que a vida humana é mais do que carne, nem Kant lhe fez razia!
"...mais depressa aquele miudo irá encher com água aquele buraco na areia da praia do que irás encontrar as respostas que procuras..."
Falamos em nome da Igreja como se todos soubessemos o que Deus realmente pensa...falamos em nome das crianças como se soubessemos o seu futuro...falamos em nome das gravidas como se estivessemos nos seus sapatos...
Eu nunca vou engravidar...nunca vou ter oportunidade de sentir na pele o delirio, a pressão, a ansiedade que me poderá levar à loucura de querer a todo o custo abortar... mas uma coisa sei... sei que nunca vou sentir isso...e recuso-me a julgar desta forma quem o fez.
E mais vos digo...muito provavelmente alguem de quem gostam muito já o fez...e talvez se soubessem as razões muitos de vós mudariam de opinião... mas pelos vistos têm razão quando decidiram não vos contar...
É muito facil ser-se extremista...
De facto :"...principalmente, seria bom que não tivéssemos tanta pressa em "atirar pedras", num sentido ou noutro."!
...é muito mais dificil tentar compreender os outros!

 
At 12:18 da tarde, Blogger João Ascensão said...

Meus amigos e minhas amigas... tal como disse no post este texto foge ao tema para que este blog foi criado! Queria apenas partilhar convosco uma opinião que para mim fez todo o sentido... Naturalmente, para outros não fez tanto!!

Muitos ainda têm algo a dizer, nos quais eu me incluo, mas peço que fiquemos por aqui!!
Voltemos à China... voltemos a Shanghai!!
Um bem haja e um bom fim-de-semana para todos...

 
At 12:25 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sou a favor da despenalização do aborto. Li o "Freakonomics". O autor diz expressamente que o argumento do ensaio NÃO tem rigorosamente nada que ver com o apoio do direito à escolha.

Caro Alexandre, se você acredita mesmo naquilo que escreveu acima então precisa de ir ao médico, mas só para curar a sua psicopatia latente. Quanto à sua ignorância, irresponsabilidade, estupidez e inconsequência, temo bem que seja já demasiado tarde. Defender, mesmo retoricamente para provar ums posição contrária, o aborto como política pública é digno de um Hitler, de um Estaline ou de um Mao. Parabéns, encontrou os seus amigos.

Sou cristão. Concordo quase a 100 por cento com o ruinix. Acho aliás muito engraçado que os mesmos cristãos que, até ao Sec XIX contrapunham o poder temporal do estado nação comtra o poder espiritual do Vaticano (ou seja, que antes de ser cidadãos eram cristãos), menos de 100 anos depois, venham pedir ao estado que legisle sobre as questões mais íntimas do foro biológico e do corpo humano. Para quando legislação que dê folgas nos dias mais seguros, segundo o "método das temperaturas"?

Espero que despenalização do aborto seja aprovada, pelo simples facto de, como cristão, não gosto de ver gente com opções (Badajoz, Londres, enfim, qualquer sítio da Europa incluindo a catolicíssima Irlanda) e gente sem opções, baseada em conta bancária. Mais, o elitismo com cheirinho a incenso em alguns comentários aqui em cima faz-me muitíssima confusão.

Mais caridade, menos doutrina, mais gentileza e um pouco mais de instrução sobre políticas públicas ajudaria neste debate.

Uma última coisa: que ninguém se esqueca que não está livre que lhe aconteça o mesmo. E mais. Que mesmo assim, caso lhe aconteça, terá um universo de escolhas e uma rede de apoio social (família, amigos, Estado) que a maioria das mulheres de Chelas, ou um qualquer imigrante ilegal, nunca terá.

 
At 1:11 da tarde, Blogger DM em Caracas said...

Oh anónimo das 12:25! (adoptei a metodologia anterior)
Ninguém está aqui a defender "direitos diferentes": acho muito mal que nos outros países o aborto seja permitido porque sinto que a vida humana é universal, não só Portuguesa.
Mas lá porque os outros têm uma má Lei, não quer dizer que nós a emitemos.
E no que toca ao que os Cristãos no século XIX queriam: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... Mas se fores a encíclica "De Rerum Novarum", não vais ver a vontade de um Estado religioso...

 
At 3:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Bem, isto está ao rubro!
Uns pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez até as 10 semanas, outros contra. Todos com as suas opiniões, argumentos, uns baseiam-se na vida, na religião, outros na política, na experiência, alguns no fanatismo e extremismo. A maioria (pelo que pude perceber) homens, muito poucas mulheres (duas apenas).
Tudo o que envolve a vida é complicado, não tem regras, não tem excepções. São valores, são problemas, são convicções, são medos, são angustias, são certezas, são VIDAS.
Os únicos inocentes nesta questão, não tem outra opção senão agarrar-se à única pessoa que os pode defender, e se eventualmente pudessem falar o que diriam? Já pensaram?
Sabem que um feto com 2 meses (8 semanas), já brinca com as suas próprias mãos?
Sabem como um aborto é feito? Sabem que uma das muitas maneiras, e uma das menos cruéis é a de sugar a placenta e o feto por partes?
Não está a nobreza de uma pessoa, mulher ou homem em parte ligada a vontade de defender os indefesos?
Porquê que cada vez que toco nesta questão alguém me diz "é melhor abortar que ver uma criança ir parar a um lar e viver infeliz"? Porquê a triste mania de vaticinar o destino e o futuro dos outros? Quem é que sabe o que essa criança poderá um dia representar para a sociedade, para a sua família? Quem? Quem é que pode ser tão profeta e dizer que, mesmo antes de nascer, aquele ser será infeliz? Quem?
Não estamos nós demasiados preocupados em desempenhar o papel de deuses?
Deixei a vida correr!!! Deixei a vida viver!!!

 
At 4:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caro Diogo Alvim,

Se calhar expliquei-me mal. O meu argumento não era entre direitos diferentes entre cidadãos de países diferentes, mas sim entre cidadãos que vivem em Portugal. Entre quem vive em Portugal e pode beneficiar, em virtude de ter rendimento mais elevados, das infra-estruturas legais e sanitárias de outros países (ir abortar a Badajoz, por exemplo) contra outros que também vivem em Portugal mas que não têm dinheiro para tal.

E se aceitamos -e bem, em minha opinião - a universalidade da vida humana, teremos também de aceitar que a vontade democrática dos países que despenalizaram o aborto vale tanto quanto a portuguesa. Uma vida, uma pessoa, um voto, universalmente. O que põe em perspectiva, acho eu, as leis serem "boas" ou "más".

É uma facto, caro Diogo Alvim, que os tempos mudam e as vontades também. Dando de barato que o dogma da infalibilidade papal não é totalmente coincidente com essa ideia de mudança, faço a pergunta -será que, daqui a um século, a posição do Vaticano quanto ao aborto mudará tanto como quanto à natureza do estado?

Anónimo das 12:25

 
At 6:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Anónimo das 3:04... gostei muito do comentário.... só é pena ser anónimo...!LOL
Não percebo porque é que as pessoas gostam tanto de decidir a vida dos outros!... Acham que têm poder de saber quem vai ser feliz???
E que tal ajudar as pessoas que estão à espera de bebé com uma cultura de vida?
E que tal encamihar as pessoas para quem as possa ajudar?
Alguém dizia às tantas que não estamos livres que isso nos aconteça...! QUE HORROR! UM BEBÉ É UM DOM E NÃO ALGO DE MAU!!!! E quem não quer correr riscos que não os corra!
Se eu roubar sei que posso ser preso, nãO???
Quanto ao método das temperaturas fique escrito que associado ao método de observação, e levado a sério, é o método anticontraceptivo e contraceptivo mais eficaz... não há nada como a mulher conhecer o seu corpo e saber o que pode acontecer em cada dia!
Mariana

 
At 7:06 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Andei à procura de uma fonte segura em que podessem transcrever os efeitos fisicos e psicologicos que podem causar uma cirurgia de aborto comoa WEBA(Women Exploited by Abortion)diz:

Efeitos Físicos/Efeitos Psicológicos

1.Esterilidade/Sentimento de culpa
2.Abortos espontâneos/Impulsos suicidas
3.Gravidez ectópica/Pesar,Abandono
4.Natimortos/Arrependimento,Remorso
5.Hemorragias e Infecções/Perda da fé
6.Choques e comas/Baixa auto-estima
7.Útero perfurado/ Preocupação com a morte
8.Peritonite/Hostilidade, Raiva
9.Febre,Suor Frio/Desespero,Desamparo
10.Dor intensa/Desejo de lembrar da data de nascimento
11.Perda de órgãos do corpo/Alto interesse em bebés
12.Choros,Suspiros/ Frustração do instinto maternal
13.Insónia/ Ódio por pessoas ligadas ao aborto
14.Perda de apetite/Desejo de terminar o relacionamento com o parceiro
15.Exaustão/Perda de interesse sexual/Frigidez
16.Perda de peso/Incapacidade de se auto-perdoar
17.Nervosismo/Pesadelos
18.Capacidade de trabalho diminuída/Tonturas e tremores
18.Vómitos/ Sentimento de estar sendo explorada

Será que vão obrigar que as clinicas de aborto tenham tal como os maços de tabaco (que me perdoem os que não perceberem a metáfora) esta lista afixada??!?!?!

 
At 7:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 10:30 da manhã, Blogger DM em Caracas said...

Caro Anónimo das 4:27 (e das 12.:25),
O dogma da infabilidade Papal refere-se a questões de fé, como sejam os outros Dogmas ou a Canonização dos Santos, não se refere aos caminhos políticos, sociais ou morais que em cada momento, analisando o mundo em que vive nessa altura, a Igreja propõe.
Mas levar o aborto para uma questão de fé é uma falácia: o aborto não é nem nunca foi uma questão de fé.
É sim, acima de tudo, uma questão de Humanidade.
Considerar a vida humana inviolável é para ti uma questão de fé? Defender os que não se podem defender é para ti uma questão de fé? Ajudar quem se encontra num momento difícil para que não tenha que recorrer a soluções de desespero é para ti uma questão de fé?
Se todas estas questões são para ti uma questão de fé, fico contente de imaginar que não o são para a maioria das pessoas que não têm fé...

 
At 10:10 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tanta tinta...queria apenas frizar o que a Mariana disse há pouco: porque raio é que têm que decidir pelos outros e o nascimento de uma criança é o melhor que pode acontecer.

Porquê pensar que a criança não terá condições para viver?

Faz me um bocado confusão que tudo isto, a despenalização do aborto faça com que se torne uma prática recorrente... ora vamos lá ver!Ai tou grávida...tenho 16 anos...vou abortar, tenho ainda muitas aventuras pela frente!HAJA RESPONSABILIDADE!e ASSUMIR os seus actos!

Tenho uma irmã que foi mãe aos 16 anos e digo vos que a minha sobrinha é a maior benção que nos poderiam dar!

Não se trata de questões de fé... trata-se de bom senso... Vcs todos a favor da despenalização do aborto gostavam que as vossas mãezinhas tivessem abortado?!Ah... se calhar baixaria o crime (segundo o tal economista maravilha!) e não houvesse pessoas a dizerem as vossas barbaridades!!!
bj
nesca

 
At 5:51 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Caro Diogo Alvim,

Deve haver uma confusão qualquer. Nunca me referi a uma questão de fé e, de resto, a palavra não aparece em nenhum dos meus comentários. Quem falou de fé foi o Diogo.

Também concordo que "levar o aborto para uma questão de fé é uma falácia". Mas eu não o fiz e, já agora, a questão do dogma da infalibilidade papal foi mencionada de forma acessória.

Mas já que você acaba de criar as próprias premissas próprias do argumento e se deu a liberdade de debater as consequências das suas próprias premissas, imputando-as a mim, não se importará se eu abandonar o debate (que passou, de qualquer forma, a ser entre o Diogo e o Diogo) e preferir debater a questão com quem revele um pouco menos de artifícios retóricos e um pouco mais de honestidade intelectual.

felicidades,

Anónimo das 4:27 (e das 12.:25)

 
At 1:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito bom texto, embora a questão do aborto vá muito para além da importância para a economia ou cultura do país. Trata-se -colocando-o de maneira simples- de matar.
E tendo em conta todas estas difíceis situações que são o aborto ou a eutanásia, sem ser a favor, acho muito mais aceitável e menos criminoso dar a morte a alguém na situação de eutanásia do que num aborto.
Acho mesmo triste virmos a ter uma lei que permite matar.
Mas não há lei que fique acima da nossa moral...
só lamento por essas crianças.

 

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